Diversos moradores, lideranças, síndicos,
presidentes de associações e advogados participaram da audiência pública, que
aconteceu no Senado Federal, para discutir a situação dos condomínios do DF. A
proposta foi do senador Hélio José (PMDB), membro da Comissão dos Direitos
Humanos. No entanto, muitos moradores saíram do local revoltados porque não
havia lugares disponíveis.
Vários assuntos foram abordados, mas o tema
destaque foram as desapropriações e derrubadas promovidas pela Agefis. A
presidente do órgão, Bruna Pinheiro, esteve presente, representando o
governador Rollemberg e defendeu as ações de derrubada. Ela afirmou que a
agência cumpre a lei e as decisões judiciais, assegurando a preservação do meio
ambiente. “Quero deixar claro que o governador não vai participar de nenhum
pacto que estimule a grilagem no DF”, disse a representante da Agefis.
O assunto é bastante complexo e, por isso mesmo, o
senador Hélio José pretende promover outros eventos para discutir o tema.
O advogado Luciano Cavalcanti, representante de
diversos condomínios, foi duro ao criticar o atual governo e a Secretaria de
Habitação. “O Estado é omissão e dá impressão que o governador não escuta
ninguém. Parece que eles (autoridades) moram em outra Brasília”, disse em seu
discurso, lembrando que não há um plano do governo para uma política de
habitação.
O secretário de Habitação, Thiago de Andrade,
garantiu que a maior parte da população que mora em áreas irregulares está
coberta pelos processos de regularização em curso e não corre risco de perder a
propriedade.
Sobre a regularização fundiária, o senador Hélio
José, propôs, visando o fim das derrubadas e a regularização das áreas, a
assinatura de um TAC. “É a proposta da construção de um Pacto por Brasília, com
definição de política que resolvam de forma definitiva as questões
habitacionais”, enfatizou, explicando a elaboração de um TAC que envolva os
agentes públicos e ponha fim as demolições, sem ordem judicial.
Quanto a essa proposta, a representante da Agefis
se posicionou contrária, defendendo o ataque aos grileiros. “Existe um TAC
assinado e ele precisa ser cumprido. O GDF não vai participar de nem um pacto
que incentive a grilagem de terra na nossa cidade. Isso tem que parar. A terra
pública tem que s4er vendida pelo poder público e não por grileiro”, completou
Bruna.
O assunto parecia não ter fim e nem consenso. O
deputado Izalci se contrapôs ao discurso de Bruna Pinheiro e disse que além da
população ser vítima de grileiros, e “na época da desapropriação não houve a
indenização como deveria ter sido. Existem ações na Justiça que já dura mais de
30 anos. Existem registros falsos e equivocados sendo contestados”.
O representante do Ministério Público, procurador
Dênio Augusto, falou sobre a importância da assinatura do TAC, em maio de 2007
e disse estar disposto a discutir a construção de um novo TAC, com
responsabilidade, levando em consideração a regularização fundiária,
urbanística e ambiental. “Foi esse primeiro TAC que permitiu o licenciamento
corretivo, a regularização por setor habitacional, beneficiando os pequenos
residenciais”, lembrou.
O representante do Grande Colorado, Morada e Boa
Vista, presidente da AMGC, Carlos Dutra, criticou a presidente da Agefis e
denunciou a Urbanizadora Paranoazinho (UPSA), empresa que comprou dos herdeiros
as áreas do Grande Colorado, onde estão implantados 52 condomínios, que expõe
os moradores a constrangimento e arbitrariedades.
Dando continuidade a fala do presidente da AMGC, o
síndico do Vivendas Alvorada II, Armando Rollemberg, irmão do governador do DF,
reforçou a denúncia contra a UP. “Nós sabemos que os herdeiros lá atrás já
tinham documento dizendo que aquela área já estava loteada há muito tempo. No
meio desse caminho, surgiu uma empresa, uma Off-Shore com sede nas ilhas
Cayman, a quem pertence essa off-shore. Em tempo de lava jato, há que se
questionar”, disse.
Ao encerrar o encontro, o senador Hélio José
solicitou que a presidente da Agefis agendasse um café da manhã com o
governador do DF e todos os membros que compuseram a mesa para que seja
apresentada a minuta do TAC e a importância de se construir um “Pacto por
Brasília”.
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