GDF quer cobrar taxas altas para manter muro e portaria nos condomínios.
No entanto, após “grito” dos moradores, Governo decide enviar o projeto de
cobrança para parecer da Procuradoria Geral do DF
A pressão dos moradores em torno da polêmica minuta do projeto de Lei
Complementar (PLC) que trata da cobrança de altos valores de áreas verdes e a
autorização para manter muros e portarias nos condomínios fez com que o Governo
do Distrito Federal recuasse e enviasse o projeto para um parecer da
procuradoria Geral do DF (PGDF).
Carlos Cardoso é o representante da AMGC, em Sobradinho, e síndico do Jardim Europa 2
De acordo com o governador, o parecer da PGDF é importante para definir
a legalidade do texto construído pela Secretaria de Habitação. Também foi
aberto novos prazos para participação de moradores e representantes dos condomínios
ao projeto. “Vamos fazer isso de mãos dados com os moradores”, afirmou o
governador Ibaneis Rocha.
A construção do projeto de lei (PLC) foi a partir de debates da
Secretaria de Habitação (Seduh) com os moradores e que resultou no texto final
do PLC com dois modelos de fechamento: o de livre acesso e o de acesso
controlado. No entanto, para quem mora nos residenciais, o texto final do
projeto impõe taxas muito altas e regras que são inviáveis aos
condomínios.
Área verde do condomínio Jardim Europa 2 |
Também na contramão de uma solução para uma situação existente há 50
anos está o Ministério Público que continua pressionando pela abertura dos
condomínios, o que significa a derrubada dos muros e das portarias. “O que
estão esquecendo é que a manutenção de toda infraestrutura interna é bastante
onerosa aos moradores. Em nossos condomínios, fomos nós que construímos tudo
que existe, sejam os condomínios que estão em área pública ou em área
particular. O atual modelo de regularização, obriga todos a ceder ao Governo as
áreas comuns, sem contar com um centavo do Estado para implantação e manutenção
das mesmas” disse Carlos Cardoso, presidente da Associação dos Condomínios do
Grande Colorado (AMGC).
“Não suportamos pagar mais taxas e é importante que todos saibam que
manter os muros e as guaritas é de fundamental importância para a segurança,
até mesmo porque sozinho, o Estado não dá conta. O modelo de acesso controlado
não atende a necessidade dos moradores, visto que qualquer pessoa terá livre
acesso a área comum dos condomínios, isso irá gerar conflitos e fragilizar a
nossa segurança”, destacou Cardoso.
Para os síndicos e presidentes de associações, o governo recuou devido à
pressão e mobilização dos moradores. “É uma luta de Davi contra Golias, mesmo
assim seguimos combatendo essa extorsão contra os condomínios horizontais”,
reforçou o presidente da AMGC. Os moradores iniciaram um abaixo-assinado
on-line que já conta com mais de 13.000 assinaturas. O abaixo-assinado pode ser
assinado no endereço eletrônico change.org/eudefendocondominio.
ENTENDA A COBRANÇA
Ao todo, pelo PLC, são três modalidades de fechamento (mas na verdade
são duas):
Condomínio Friburgo, no Grande Colorado |
“Já se trabalhou muito por isso, mas no momento não há nenhum interesse
do Governo em regulamentar essa modalidade”, disse Carlos Cardoso, presidente
da AMGC. Dessa maneira, restaram duas opções aos moradores de condomínios e é
aí que entra o Governo cobrando uma concessão de uso onerosa pelo uso de áreas
que hoje são particulares e que passariam a ser públicas.
Desde que foi iniciada essa discussão, os moradores, na tentativa de evitar
mais derrubadas de muros e guaritas, aceitaram participar da construção do
projeto com a cobrança, “mas com valores justos e viáveis para os moradores”,
reclamou uma síndica de condomínio do Grande Colorado.
Em reunião no Jardim Botânico com a Seduh, a presidente do Movimento
Comunitário, Maria Luiza do Valle explicou que a secretaria se comprometeu a
rever o pagamento da concessão onerosa, devido ao absurdo da proposta de cobrança.
Na região, os moradores não tem escolas, unidades de segurança púbica, praças,
postos de saúde, hospital e outros equipamentos públicos. Ela esclareceu que a
concessão é muito alta e injusta. “O PLC é bem-vindo, mas a concessão onerosa
extrapola o limite do razoável e isso vai gerar um aumento significativo nas
taxas condominiais”, explicou, questionando ainda o porquê no DF a cobrança é
necessária, uma vez que existem municípios que possuem leis para condomínios
sem a cobrança.
Residencial Ouro Vermelho I na RA do Jardim Botânico |
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