Longe de estar aqui defendendo qualquer pessoa
que tenha invadido (ou mesmo irregularmente comprado) terrenos em áreas públicas.
Mas temos que ser imparciais e por isso mesmo não dá para aceitar que uma
operação de derrubada da agência de fiscalização do governo termine com o sonho
de apenas uma, duas, dez famílias, como ocorreu neste mês de agosto e outras
tantas vezes em condomínio já implantado há anos em terra pública (mesmo de
forma irregular e ilegal), como no Estância Quintas da Alvorada.
Ora,
vejam e raciocinem comigo. Essa ocupação vem ocorrendo há muitos anos e pela
inércia de diversos governos e lentidão da própria Justiça. Isso fez com que se
desse a ilusão de que quem estava “investindo” ilegalmente ali poderia “se dar
bem” ou mesmo realizar o sonho da casa própria. Dessa maneira, incentivou
tantos outros a fazerem o mesmo caminho.
De
repente, a avalanche! Uma vista área nos dá a noção exata da área ocupada. Um mar
de casas, a maioria mansões, centenas, próxima da casa do milhar, construídas
no meio de ruas abertas e estruturadas, numa área com água e luz e até mesmo
uma “novinha” portaria (ainda em construção). Como se pode imaginar que
derrubar uma meia dúzia de construções irá resolver o problema da “invasão” ali
implantada? Ou não é mesmo para resolver?
As ações
de grileiros na área já deveriam ter sido combatidas há muitos anos, quando a
quantidade de imóveis construídos era reduzida. Há muitos anos que muita gente
vem ganhando com a venda de lotes no local. E todos sabem disso. Sabe como se
compra, como se vende, como se constrói, como se negocia, como se implanta
infraestrutura... Ora, somente do novo governo já temos quase dois anos. Que
medidas efetivas foram tomadas ali no Estância, no vizinho Mini-chácaras, no
Morada Sul Etapa C (todas públicas) e em outras áreas para impedir que se
continuasse com esse comércio ilícito?
E não se precisa de muito, não. Se houvesse
pequenas medidas enérgicas dos órgãos do Governo nas áreas públicas, a expansão
já não estaria ocorrendo há muitos anos e de forma tão acelerada e sem que
precisasse acontecer a barbaridade de tantas derrubadas, que choca não só quem
mora lá, quem investiu, mas toda a sociedade.
Voltando nas medidas enérgicas do Governo,
essas poderiam ser traduzidas em, por exemplo, confisco de qualquer material de
construção para o local. Sem areia, sem cimento... não tem como construir. E
também a responsabilidade dos chamados representantes de condomínios – síndicos
– já que são eles quem permitem a entrada de materiais.
Recentemente,
nesse mesmo “condomínio”, lá em cima citado, teve início a construção de uma
nova e moderna portaria, bem a beira da DF-001, para quem quiser ver, observar
e admirar-se com tanta ousadia, já que a outra, improvisada, foi colocada ao
chão há alguns anos atrás. A portaria tem projeto divulgado no site do
residencial, foi levantada sem que medida nenhuma dos órgãos competentes de
fiscalização fosse tomada. Ora, ora... E agora vem destruir os sonhos de uns
poucos.
Pessoas
investiram suas economias, mas mesmo erradas, não podem, sem que se dê de fato
uma solução para toda a área, apenas algumas, serem sacrificadas, porque outros
virão. A grilagem vai continuar, outros vão comprar irregularmente e arriscar
suas economias e seus sonhos, já que tantas pessoas investiram e conseguiram,
isto é, continuam no mesmo lugar, aguardando comprarem do verdadeiro dono (governo)
e a regularizar seu imóvel, numa área nobre e valorizada.
Por C. Castri