quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Confisco de material de construção poderia inibir ocupação de área pública. Sem areia e sem cimento não tem como construir.



Longe de estar aqui defendendo qualquer pessoa que tenha invadido (ou mesmo irregularmente comprado) terrenos em áreas públicas. Mas temos que ser imparciais e por isso mesmo não dá para aceitar que uma operação de derrubada da agência de fiscalização do governo termine com o sonho de apenas uma, duas, dez famílias, como ocorreu neste mês de agosto e outras tantas vezes em condomínio já implantado há anos em terra pública (mesmo de forma irregular e ilegal), como no Estância Quintas da Alvorada.
     Ora, vejam e raciocinem comigo. Essa ocupação vem ocorrendo há muitos anos e pela inércia de diversos governos e lentidão da própria Justiça. Isso fez com que se desse a ilusão de que quem estava “investindo” ilegalmente ali poderia “se dar bem” ou mesmo realizar o sonho da casa própria. Dessa maneira, incentivou tantos outros a fazerem o mesmo caminho.
     De repente, a avalanche! Uma vista área nos dá a noção exata da área ocupada. Um mar de casas, a maioria mansões, centenas, próxima da casa do milhar, construídas no meio de ruas abertas e estruturadas, numa área com água e luz e até mesmo uma “novinha” portaria (ainda em construção). Como se pode imaginar que derrubar uma meia dúzia de construções irá resolver o problema da “invasão” ali implantada? Ou não é mesmo para resolver?
     As ações de grileiros na área já deveriam ter sido combatidas há muitos anos, quando a quantidade de imóveis construídos era reduzida. Há muitos anos que muita gente vem ganhando com a venda de lotes no local. E todos sabem disso. Sabe como se compra, como se vende, como se constrói, como se negocia, como se implanta infraestrutura... Ora, somente do novo governo já temos quase dois anos. Que medidas efetivas foram tomadas ali no Estância, no vizinho Mini-chácaras, no Morada Sul Etapa C (todas públicas) e em outras áreas para impedir que se continuasse com esse comércio ilícito?
E não se precisa de muito, não. Se houvesse pequenas medidas enérgicas dos órgãos do Governo nas áreas públicas, a expansão já não estaria ocorrendo há muitos anos e de forma tão acelerada e sem que precisasse acontecer a barbaridade de tantas derrubadas, que choca não só quem mora lá, quem investiu, mas toda a sociedade.
Voltando nas medidas enérgicas do Governo, essas poderiam ser traduzidas em, por exemplo, confisco de qualquer material de construção para o local. Sem areia, sem cimento... não tem como construir. E também a responsabilidade dos chamados representantes de condomínios – síndicos – já que são eles quem permitem a entrada de materiais.
     Recentemente, nesse mesmo “condomínio”, lá em cima citado, teve início a construção de uma nova e moderna portaria, bem a beira da DF-001, para quem quiser ver, observar e admirar-se com tanta ousadia, já que a outra, improvisada, foi colocada ao chão há alguns anos atrás. A portaria tem projeto divulgado no site do residencial, foi levantada sem que medida nenhuma dos órgãos competentes de fiscalização fosse tomada. Ora, ora... E agora vem destruir os sonhos de uns poucos.

      Pessoas investiram suas economias, mas mesmo erradas, não podem, sem que se dê de fato uma solução para toda a área, apenas algumas, serem sacrificadas, porque outros virão. A grilagem vai continuar, outros vão comprar irregularmente e arriscar suas economias e seus sonhos, já que tantas pessoas investiram e conseguiram, isto é, continuam no mesmo lugar, aguardando comprarem do verdadeiro dono (governo) e a regularizar seu imóvel, numa área nobre e valorizada. 
Por C. Castri

Nenhum comentário:

Postar um comentário