segunda-feira, 6 de maio de 2019

Nos condomínios de Sobradinho, preço da regularização continua sem acordo

Em mediação conduzida pelo GDF, Empresa UPSA e moradores apresentam propostas para metro quadrado dos lotes de condomínios na antiga Fazenda Paranoazinho, mas decisão de acordo ficou para próxima reunião. Representantes dos moradores aumentaram em R$ 10,00 o valor apresentado na penúltima reunião, passando o valor de R$ 60 para R$ 70.



        A segunda-feira (29/04) começou tensa com a quinta reunião entre moradores de condomínios e os atuais donos da antiga Fazenda Paranoazinho, em Sobradinho, onde há quase 40 anos estão implantados 54 condomínios.
       O encontro aconteceu no Palácio do Buriti, desta vez com a presença do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, e do secretário de Habitação, Mateus de Oliveira. Quase todos contavam que seria a última reunião de negociação, uma vez que na penúltima, que aconteceu no dia 15 de abril, na Seduh, o governador Ibaneis Rocha, pessoalmente, fez a proposta de unificar o preço do metro quadrado dos terrenos – R$ 60,00 – e os moradores, após análise, se dispuseram a discutir com suas comunidades e levaram o valor proposto aprovado pela maioria para a mesa de negociação.
        O que se viu depois, no entanto, passou bem longe de qualquer acordo de paz. O clima ficou tenso e o encontro após duas horas foi encerrado.

Os preços - Durante a reunião, aberta pelo governador, o representante da Urbanizadora Paranoazinho (UPSA), Ricardo Birmmann apresentou no retroprojetor a tabela com a proposta dos preços dos terrenos dos condomínios, que estão localizados em três setores distintos. Para o cálculo dos valores, a empresa justificou que apresentou os preços por região e que os valores são diferentes devido ao fato de no Contagem 1 e 2 os moradores serem de baixa renda. Após as primeiras negociações, retirando cerca de R$ 10,00 por metro quadrado, o representante da UP apresentou a seguinte proposta: Contagem 1 (R$ 58,23), Contagem 2 (R$ 71,00), Contagem 3 (R$ 104,00), Boa Vista (R$ 110,00) e Grande Colorado (R$ 100,00).




No entanto, tanto a advogada dos condomínios, doutora Maria Olímpia Stival, como o presidente da Associação dos Moradores dos Condomínios (AMGC), Carlos Cardoso, defenderam o valor único e chegaram a fazer contraproposta em cima do valor inicial apresentado em reunião anterior pelo governador, passando dos R$ 60,00 para R$ 70,00, para pagamento com parcelamento junto ao BRB ou com 15% de desconto para pagamento à vista.
Sobre o final embaraçoso da reunião, o presidente da AMGC disse que “não deu nem tempo de concluirmos nossos pensamentos e fazermos nossas colocações em cima do valor apresentado pela UP. A reunião foi encerrada antes, de maneira bastante intempestiva. Nosso papel como representantes é defender a comunidade. Senão, não pre-cisaríamos de uma instituição como a AMGC que já existe há mais de 20 anos e nem precisaríamos pagar advogado. E tem mais: negociação é assim mesmo.  Um  lado  apresenta o outro lado ouve e se contrapõe, até ambos os lados chegarem a um acordo. Senão, não é acordo. É imposição. Não acredito que o Ricardo, como empresário, e nem o governador, vão querer fazer isso com a comunidade. Afinal estamos numa mesa de negociação”, explicou Cardoso.
        Para a advogada Olímpia, a autorização que ela e o presidente da associação tinham para negociar e aceitar era de R$ 60,00 o metro quadrado. “Esse era o valor aprovado e não podíamos avançar além disso, mesmo porque  ainda tem pessoas que são contrárias. No decorrer da reunião, chegamos a subir o valor para R$ 70,00 mesmo sem autorização prévia. É o risco que se corre, pois afinal, negociação é assim: um lado cede um pouco, o outro, também cede. Cedemos, mas não aceitaram e o acordo não foi firmado, ficou para a próxima reunião. A proposta da UPSA está colocada, assim como a nossa”, anunciou a advogada, lembrando que tanto o Colorado Ville quanto o Contagem 1 têm que ter mesmo preços diferenciados.

Situação dos condomínios da antiga Paranoazinho 

        É importante ressaltar que os 54 condomínios em questão estão localizados em área particular, vendida aos atuais moradores há quase quatro décadas atrás. 
Ali, na antiga Paranoazinho, não há grilagem de terras, por se tratar de área particular, diferente da situação de outras regiões do DF, como alguns condomínios do Jardim Botânico e os de Vicente Pires, que estão em áreas públicas, griladas. Em terras da União, é a Secretaria de Patrimônio da União (SPU) que está conduzindo o processo e em áreas públicas do GDF, é a Terracap. 
       O presidente da AMGC fez questão de frisar que todos os moradores dos 54 condomínios compraram e pagaram por seus lotes. “Fomos e somos compradores de boa fé. Se algo estava errado na implantação desses e de outros quase mil condomínios pelo DF afora, cabia ao Estado não ter sido omisso e ter política pública para moradia. As pessoas precisam morar. Tudo era vendido e feito a luz do dia. Ninguém invadiu terreno de ninguém, não. Queremos ver essa situação resolvida. Acho que ninguém aguenta mais essa eterna falta de definição, mas não podemos aceitar imposição de um empreendedor que comprou isso aqui depois da gente e para ganhar dinheiro. Vamos ser parceiros para resolver a situação, mas sem que ele (UPSA) venha aqui ditar como devemos fazer. Isso não é parceria. Lembrando que quando a UP adquiriu as terras já tinha conhecimento da situação existente e comprou o bônus e o ônus. E ainda vou lembrar mais: em breve estará sendo implantado por eles o novo projeto para a área desocupada e para que eles ganhem muito e muitos milhões de reais. Vamos deixar claro que também não vamos aguentar sermos humilhados e nem tratamento desrespeitoso com nossa advogada, parceira de muitos anos, a primeira a levantar nossa bandeira”, concluiu Carlos Cardoso.



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