sexta-feira, 21 de março de 2014

PCUB: Projeto visa alterar pontos urbanísticos da cidade

Proposta prioriza o transporte individual na Esplanada dos Ministérios: ideia polêmica é condenada por especialistas
Carla Rodrigues
Uma cidade artificial. Muito antes de ter habitantes, Brasília teve seus espaços desenhados.  Hoje, por meio do  Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico (PPCUB), a capital pode estar próxima de ter suas características alteradas. Ainda desconhecida por   parte da população, a sigla divide opiniões entre urbanistas, arquitetos, grandes empresas, governo e deputados distritais. Um dos pontos   trata de alterações urbanísticas no centro de Brasília: a Esplanada dos Ministérios. Ao contrário de outras capitais do mundo, que hoje pensam em sustentabilidade, a ideia naquela área é dar mais suporte aos veículos particulares, construindo um estacionamento subterrâneo.   
PPCUB: Projeto de estacionamento subterrâneo na Esplanada
O complexo, aprovado pelo Conplan na última sexta-feira será dividido em quatro andares, com espaço para mais de nove mil carros. A justificativa para tamanha obra seria a ausência de vagas no local para aproximadamente 7,5 mil veículos. Entretanto, na outra ponta, questiona-se o porquê de não pensar em outras alternativas para o problema, como, por exemplo, transporte público de massa.  
Para um dos representantes do grupo Urbanistas por Brasília, Cristiano de Sousa Nascimento, “o problema maior em relação a esse tema, ao nosso ver, não é o estacionamento em si, mas a falta de interesse em buscar outras soluções. Entendemos que uma construção dessa envergadura deveria ser a última opção e não a primeira”.
Para o  especialista, “o ápice  é o governo afirmar  que  a estrutura, concebida para reduzir o déficit de vagas para veículos na área central de Brasília, é um dos instrumentos da política de transportes do GDF”.
Opiniões divergem
Conforme anunciado pelo governo, a estrutura do megaestacionamento subterrâneo ocupará   340 mil m². Uma imagem, amplamente divulgada, mostra quais seriam os pontos de entrada e saída de veículos. “Existe uma vontade muito grande do governo em licitar áreas de alto valor para gerar caixa em detrimento próprio e atender a grandes empreendedores imobiliários que, com certeza, saberão agradecer este esforço governamental investindo muito no DF”, analisa o presidente do Fórum das ONGs Ambientalistas, Luiz Mourão. 
Enquanto representantes da sociedade civil questionam a ausência de argumentos para construir o   estacionamento subterrâneo no coração de Brasília, representantes da área de construção civil mostram interesse na aprovação. “Defendemos a aprovação urgente do PPCUB e de outros projetos. Hoje, a construção civil responde por mais de 83 mil postos de trabalho, que só poderão ser mantidos com uma lei moderna e consolidada”, alega o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil  (Sinduscon), Júlio Peres.
Análise
Aparentemente ignorando as polêmicas, o Conplan continua votando itens do projeto. Os 26 conselheiros continuam apressando a proposição, conseguindo, em tempo recorde, analisar planilhas, artigos, itens sobre as normas de uso e ocupação da poligonal tombada e seu entorno, destrinchadas em nada menos do que 700 páginas. 

“Não posso dizer que fomos pegos de surpresa com a aprovação do projeto. Na nossa cabeça, só aconteceu exatamente o que temíamos. Estão desconsiderando a qualidade de vida do cidadão, a sustentabilidade socioeconômica e, sobretudo, ambiental”, afirmou a diretora do Conselho Comunitário da Asa Norte, Rose D’Carmo.
Fonte: Jornal de Brasília

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